Elasmobrânquios: Animais Aquáticos Resistentes ao Cancro e outras Doenças

03-10-2023

Última Edição: 04-10-2023 | Hora: 22:42 | Autor: Beatriz Mota | 5 min

Já vimos doenças em cães, gatos, coelhos, peixes mas e em tubarões? É muito raro encontrar algum tipo de doença nestes animais pois estes possuem características genéticas que lhes conferem uma resistência muito elevada. 

Os cientistas encontraram provas de adaptação molecular em genes responsáveis pela estabilidade da composição genética do tubarão, que agem como defesas contra estragos no ADN — e contra doenças. Assim, foram sendo descobertas as razões para o sucesso evolutivo de um predador que está no topo da cadeia alimentar e que resiste a doenças e ferimentos de uma forma extraordinária.

A equipa de investigadores foi composta e liderada por cientistas da Universidade Nova Southeastern, na Flórida, Estados Unidos, que efetuaram a comparação do genoma do tubarão branco ('Carcharodon carcharias') com o de outras espécies, dos humanos ao tubarão baleia.

O genoma do tubarão branco, que pode medir até seis metros de comprimento e pesar mais de três toneladas, é 1,5 vezes maior que o dos seres humanos e os cientistas encontraram provas de adaptação molecular em genes responsáveis pela estabilidade da composição genética do tubarão, que agem como defesas contra estragos no ADN.

A instabilidade genética, que resulta de estragos acumulados no ADN, predispõe os humanos ao cancro e a doenças relacionadas com o envelhecimento.

"A instabilidade no genoma é uma questão muito importante em muitas doenças graves dos humanos, mas agora estamos a descobrir que a natureza desenvolveu estratégias inteligentes para manter a estabilidade do genoma nestes tubarões grandes e longevos", afirmou Mahmood Shivji, diretor do centro de investigação de tubarões da Nova Southeastern.

Um trabalho como nunca antes visto, que contou com a participação de Agostinho Antunes, investigador do CIIMAR e docente na FCUP, poderá revelar-se vantajoso no estudo do cancro e de doenças do envelhecimento que atingem os seres humanos. Este trabalho assentou na descodificação do genoma do tubarão branco. Os dados dão ênfase a uma pressão seletiva que combina: o tamanho do genoma, o alto conteúdo de repetição, a alta representação de retrotransposões, o grande tamanho corporal e o também a longevidade do animal. Isto porque, o tubarão-branco pode atingir 73 anos de vida e o tubarão-baleia pode alcançar os 140 anos.

Mutações adaptativas foram encontradas em genes ligados ao reparo do DNA, à resposta ao dano no DNA e à tolerância ao dano no DNA, o que permite uma maior resistência ao envelhecimento entre outras doenças. O fenómeno oposto, a instabilidade do genoma, que resulta de danos acumulados no DNA, conduz a diversos cancros e doenças relacionadas com o envelhecimento. "O estudo realizado menciona ainda que são notórias as adaptações moleculares para a cicatrização de feridas, com seleção positiva em genes-chave envolvidos neste processo".

"Os impactos do estudo publicado são transversais: além de permitirem direcionar os esforços de conservação desta e outras espécies de tubarões, poderão mostrar-se úteis para estudos de combate ao cancro e doenças do envelhecimento, assim como melhorar o tratamento de ferimentos e potenciar o processo de cicatrização nos humanos".


Confere esta notícia completa, na página da Universidade do Porto: 


Beatriz Mota - Blog
Todos os Direitos Reservados 2023
Desenvolvido por Webnode Cookies
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora
Utilizamos cookies para permitir o funcionamento adequado e a segurança do site e para lhe oferecer a melhor experiência possível.

Configurações avançadas

Personalize aqui as suas preferências em relação aos cookies. Ative ou desative as seguintes categorias e guarde a sua seleção.